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  • Writer's pictureCristalwolf Lobazul

Likes da vida real

Fui postar uma piadinha hoje no Facebook onde você conta 9 verdades e 1 mentira. O objetivo é que seus amigos possam interagir nos comentários tentando descobrir qual é a mentira e descobrindo mais sobre você. É claro que amigos super próximos, que já te conhecem há muito tempo vão saber de cara a resposta.

Foto: Eduardo Rafael


O meu problema com esta piadinha é simplesmente a falta de amigos para interagir. A falta de pessoas que me conhecem bem a fundo ou que tenham interesse em me conhecer e saber detalhes sobre mim.


Até alguns meses atrás eu possuía quase 2 mil amigos no Facebook. Eu realmente acreditava que as pessoas me conheciam, que curtiam as coisas que eu fazia, que me queriam bem. Mas aos poucos percebi que os únicos tipos de postagem que geravam interação e curtida no meu perfil eram publicações onde eu expunha alguma coisa da minha vida pessoal. Estas geravam 50 á 300 likes num passe de mágica. Agora quando eu postava uma ilustração, uma poesia ou mesmo algo relevante para o cotidiano como cursos gratuitos na minha área e etc era um milagre alcançar 5 likes.


Aos poucos percebi que eu não era interessante. As coisas que eu fazia não eram interessantes. Que estes 2 mil amigos no Facebook não passavam de um acúmulo de conhecidos. Então desativei este perfil e fiz um novo. Coloquei pessoas que eu interagia mais em meu cotidiano como meu esposo, meu pai, meu irmão e alguns contados amigos. Deu cerca de 39 pessoas neste novo perfil.


Eu imaginei que mudaria alguma coisa. Mas além de continuar da forma como estava, agora não há resposta nem mesmo em postagens da minha vida pessoal (o que achei maravilhoso, de certo modo). Todavia, imaginei que haveria algum tipo de interação quanto à minha arte ou coisa assim, continuou na mesmisse. Não há interação a não ser que seja por algum interesse comercial ou coisa do tipo. Não me queixo, para mim não faz diferença. Entretanto isso serviu para me mostrar qual o tipo de coisa as pessoas resolvem dar atenção na internet. E me rendeu bons estudos para a área de marketing digital.

Percebi que o Facebook não passa de uma ferramenta nostálgica. Pare e analise um pouquinho, a cada 5 vídeos interessantes que passam pela sua timeline 4 foram feitos há 1 ou 3 anos atrás. As pessoas do Facebook vivem reproduzindo o passado. Não tem muita novidade, não tem muita interação, apenas curtidas e compartilhamentos repetitivos.


Isso causa uma enorme frustração profissional em quem, como eu, trabalha estritamente com alimentação de conteúdo. Para quê produzir coisas novas se as pessoas ainda insistem em repostar coisas antigas? E o pior: A maior parte do conteúdo repostado são vídeos de gatinhos fofos ou algo engraçadinho. Em outras palavras, novamente não há expansão de conhecimento ou cultura.


Esse foi um dos motivos que me fez parar de criar coisas para os outros. E quando digo os “os outros” me refiro à qualquer pessoa que não esteja ligada diretamente à mim. Parei de produzir arte (seja ilustrada ou textual) pensando no que as pessoas querem ler / ver. Passei a produzir o que sinto vontade de expressar, e quem quiser, que me acompanhe. Se for capaz.


Paguei um preço por isso? Sem dúvida. Me arrependo? Nenhum pouco. É a primeira vez em anos que tenho uma coisa inestimável: paz.


Voltando à piadinha do Facebook. Eu resolvi não participar. Afinal eu sou uma desconhecida mesmo entre os que dizem me conhecer. Não os culpo por não me achar interessante, não me culpo por não ter atingido qualquer expectativa de alguém, longe disse. Porém, de que adianta postar 9 verdades e 1 mentira sobre mim, se aos olhos de quem não me conhece, estes são todos fatos desconhecidos?

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