Minhas patas, burnout, saúde mental e meu espírito criativo
Eu decidi não trabalhar mais com commission por um tempo. Eu tive um burnout muito perto de outro de tanto trabalhar ilustrando para outras pessoas. Existem mais de 1000 artes minhas espalhadas pelo mundo, impressas, digitais, em travesseiros... Pessoas possuem a minha arte sem sequer saber o meu nome. Isso porque passei anos trabalhando como artista comercial, eu era as patas de empresas e pessoas. Mas agora isso acabou. E não foi exatamente porque eu quis, mas porque a vida me fez parar. Hoje em dia eu não consigo mais desenhar como antes, minhas patas doem muito, eu começo a ter crises de pânico, eu fiquei realmente traumatizada com essa rotina.
Agora estou me recuperando, já fazem dois ou três meses que estou nessa jornada. Aos poucos minhas patas voltam a funcionar. Estou fazendo ioga para me exercitar. E não minto, estamos passando por apuros financeiros. Porque as empresas não se importam se você adoece, mesmo se você trabalhou anos para elas, é o capitalismo, e eu não tenho esperanças que isso vá mudar tão cedo.
O importante é que estou aqui agora. Eu me especializei em outra profissão onde não preciso usar minhas habilidades artísticas, e tem sido um grande alívio para mim. E isso ficou evidente quando voltei a escrever os meus livros e a desenhar os meus personagens, coisa que eu não fazia há muito tempo.
Há quanto tempo eu havia deixado de ser eu? O que mais me dói é saber que eu não tive escolha, ou eu trabalhava ou não conseguiria sustentar a minha matilha.
Mas estou aqui agora. E me sinto esperançoso em recuperar o que a vida desgastou: meu próprio espírito criativo.