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  • Writer's pictureCristalwolf Lobazul

O Golem de pedra - Ato II


Eu gosto muito de subir aqui nesta montanha.

É difícil, sabe? Tem todas estas pedras frágeis, as ervas espinhentas e o sol da tarde é sufocante.

Além disso, os animais que habitam este lugar sorriem e fingem gostar de mim, quando na verdade sei que temem a minha presença à todo instante.

Ainda assim, eu gosto de estar aqui com você, nós nos divertimos muito na companhia um do outro. Ou pelo menos nos divertíamos.

Quanto tempo faz mesmo? Um, dois, três anos?

Pensando no fato de que existem espécies de mariposas que vivem apenas um dia, há quantas mortes de mariposas não nos falamos mais?

É claro, você vai ficar em silêncio. Não é novidade. Mas de alguma forma, eu sei que você pode me ouvir, me ver, e eu também sei que você pensa em mim ainda que com algum ressentimento.

Foi desejo seu virar este golem de pedra.

Já percebeu que durante toda a nossa história, sempre que eu fazia algo que não correspondia com suas expectativas, você se tornava pedra? Fria, silenciosa, ríspida. Então não era de se esperar que tudo fosse acabar como acabou, com eu aqui falando sozinho, e você aí quieta, parada, fingindo que não se importa com nada.

Mas tem uma coisa que você não levou em consideração: O tempo passa muito rápido.

Fico pensando no tanto de assuntos, risadas, conquistas, derrotas e mortes de mariposas que perdemos com todo este tempo gasto.

O que mais me entristece não é o fato de você não poder mais falar, e sim o motivo para tal atitude tão radical.

Foi tão difícil para você aceitar quem eu sou, que você preferiu se tornar um golem de pedra à encarar esta situação.

Eu sei que fui criado por ovelhas, mas olhe para mim. Olhe no fundo dos meus olhos: Eu sempre fui um lobo.

Eu estou olhando agora para você, e se você pudesse ver o que eu vejo agora, perceberia que você também não é uma ovelha.

É uma leoa. E é maior do que tudo isso.

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